terça-feira

411

"Nove da manhã de um sábado em 1755, dia santo, amanhecera soalheiro, temperatura amena para um final de outono, vento fresco correndo sobre a cidade..."

quinta-feira

Conjunção condicional

"Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração."

gaivota

se uma gaivota viesse
mostrar-me onde colas e recortas os céus de lisboa.

quarta-feira

tempo seco

chove esta noite

terça-feira

Quem me amar virá no comboio. Antes de anoitecer. A livraria ainda estará aberta. Traremos letras para passear à noite. A chuva será tanta que as páginas ficarão fechadas. Mas nós não. Deixaremos as letras dos outros para passear pelas nossas.

perdidas


não sei se iriamos a caminho de algum lado, não me lembro de onde, quando olhámos uma para a outra e não nos reconhecemos. perguntei-te quem eras. quem és? como te chamas? e disseste-me o nome, o teu nome, um nome que eu ainda não tinha ouvido e a mim perguntaste-me se eu enjoava a andar de barco. e eu que não. a ti perguntei-te se gostavas de castanho, tu que não e com isto e apesar de não estarmos bem a ver o que estariamos a fazer uma ali ao lado da outra, ainda nos fizemos mais perguntas.
se chovia na terra onde tinhas nascido, o que se plantava lá na primavera e tu que me respondeste que eram garrafas, garrafas com cores e forma de pera que nascem com um sopro através de um tubo. achei estranho mas estranho também era o teu nome.
perguntaste-me se costumava apanhar muitas vezes aquele comboio. eu não. este comboio não. é a primeira vez que ando no transiberiano. e disse-te que nem sabia onde o tinha apanhado e que não sabia onde iria descer. disseste-me que irias sair em 1977, achei que sim que é um bom sítio para se sair dos comboios. estamos ainda longe perguntei. e tu olhaste para o relógio e não me respondeste.

quinta-feira

Tempo ausente


é só isso. este não é tempo de cerejas. o que é a fruta da época. talvez uvas e castanhas. por enquanto ainda nem chegamos ao tempo daquele verão a fingir de são martinho. chove. embora o teu tom seja apenas seco.

quarta-feira

Era aquele dia da semana em que a noite só parece noite mas não é

terça-feira

Perto

Devias estar aqui rente aos meus lábios.

segunda-feira

Ninotchka



sexta-feira

Mary estás aí?

cerise

quinta-feira

mary

Por alguma razão, ignorámos as duas personagens deste blog. talvez porque existam há mais tempo. passam férias numa casa azul, perdida numa ilha do egeu, onde as noites são sempre quentes, as buganvílias têm sempre cheiro, é sempre início do verão e há um barco pronto para partir. algures na grécia, a terra do mito, do ethos, não há equívocos. há encontros estéticos, há noites no barco. eu vou mudar a minha personagem. mary afinal. era tão tão óbvio.

quarta-feira

Carne trémula

Talvez seja isso. Só isso. Tirar a máscara. Tiro a minha se me deixares despir a tua.

Pedro e Federico

Passámos a noite com eles. A madrugada foi só contigo.

segunda-feira

Best before: see bottom

fast forward



vê por favor o topo da minha embalagem e diz-me o prazo de validade. daqui não consigo ver se já estou estragada.

sexta-feira



Sexta feira e seis dias em outubro.

Andamos à procura de personagens para nós. Perdidas entre os continentes, as contracapas dos livros, os restos da imaginação e referências de género. Depois temos de lhes encontrar uma história e deixar que mostrem a personalidade. Sem regras. Com apenas uma. A primeira. Quase que um mandamento. Que entre a Marina e a Madeleine exista um léxico desprovido da palavra equívoco.

quarta-feira

Parce que c'est toi, parce que c'est moi

terça-feira

Catpower

segunda-feira

O tempo reencontrado

Podes encontrar-me na cave. Tens que baixar a cabeça, porque a porta é pequena, como o são as portas da memória, ou pelo menos a minha. Não digas ok. Não precisas de dizer nada. Basta entrares, a luz vai estar acesa, e seguir pelo corredor que é mais estreito que imagino. Depois já não há portas, mas salas grandes, tão grandes que o melhor é irmos de mãos dadas. O sumo das ameixas quentes e vermelhas vai escorrer-te pelo queixo, vou fazer-te um colar de buganvílias e depois, quando já for manhã tão cedo que ainda parece noite, vamos misturar-nos na maresia e levar as camaroreiras para brincar na poça das cantigas.

detalhes

Agora que estamos em abstinência de corpos espero encontrar-te algures na minha infância. Para te mostrar a minha capa alentejana, o guarda chuva transparente e a caixinha de chivas regal onde dormiam os passarinhos. E já que lá estás, ensina-me a subir às arvores.